Por Michael Gonçalves da Silva, professor de filosofia do Colégio Marista Arquidiocesano
A educação básica é tema recorrente de debates no mundo, especialmente no Brasil, onde estamos diante de discussões cada vez mais acaloradas a respeito deste assunto que divide opiniões. Parece que todos têm conhecimento de Educação e que a recorrência do tema significa desconforto com o que se vê sendo reproduzido historicamente.
Reformas são propostas, pedagogias são debatidas à exaustão, novos e “velhos” modelos embatem e, de tempos em tempos, vemos ondas diferentes tanto na forma de fazer escola quanto no que avaliamos como importante indicador de uma boa educação. Alguns desejam que a escola dê, aos jovens e crianças, disciplina; outros desejam uma educação forte, cujos indicadores são as aprovações nos vestibulares; outros exigem uma instituição que mantenha os jovens sempre ocupados com diversos projetos e, de preferência, com os estudos; e outros, enfim, desejam uma escola pautada por valores e que ensine valores. Não só tudo isto é desejo de quem matricula seu filho na escola, como é motivo de propaganda para muitas.
É evidente que a escola, ou qualquer ambiente educacional, possui comprometimento com o conhecimento, pois a função social primeira deste espaço e deste trabalho é ensinar algo. É também evidente que toda ação humana, todo trabalho existe permeado de valores que não estão necessariamente explícitos, por mais que às vezes alguns valores sejam comunicados, mas soa descabido que haja escolas e educadores que compreendam que o conhecimento seja uma coisa em si mesma, isenta de valores outros que não o próprio conhecimento; e, quando se pensa assim, uma consequência disso pode ser o distanciamento do saber do conteúdo ético.
Há escolas que possuem valores claramente inseridos na missão educativa, que fazem parte deste programa e trabalham para que seus valores sejam não só “marca e propaganda”, mas transformem a vivência escolar em um tempo marcante e instigante para o sujeito que levará este legado adiante.
A valorização do outro, da tão puída em nossos tempos cidadania, é um caminho a ser reafirmado e que não só impacta no sujeito em sua vida íntima, como ajuda a redigir textos verdadeiros que saltam aos olhos dos corretores, como produções que refletem alguém de forma autêntica. Se considerarmos que estes textos são pontos de partida para uma vida e uma profissão, bons textos são marcas de um bom começo. Assim como ter valores que constituirão certa ética, ensinar organização, métodos para estudar, montar agendas significativas e para pesquisar sobre aquilo que não se sabe, bem como uma vida saudável do ponto de vista do corpo, da mente, das relações financeiras.
No tempo e no mundo da informação disponível, que visa ser transparente e acessível, é importante que os sujeitos saibam ser e procurar como se tornar melhores, sem que isso lhes custe a sanidade. Isso pode ser ensinado, ainda mais quando se pensa que o educar (conduzir, como diria a etimologia da palavra) signifique encaminhar por sendas novas por um tempo e que depois o sujeito siga seu próprio caminho.
Se a família, a escola e a sociedade cercam os mais jovens de valores com os quais sonhamos, pode ser que tenhamos como fruto mais que cultura, mais que pessoas boas, isto é, teremos resultados que impactarão as pessoas individualmente e a sociedade. Em educação, essa busca faz todo o sentido.
Postado dia: 20 de fevereiro de 2018
Escolas que educam com valores agregam mais que cultura à vida dos estudantes
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